segunda-feira, 23 de julho de 2012

E porque não ser amigo?


A data de aniversário dele forma os dígitos da sua senha do cartão de crédito. Seu pijama favorito é aquela camiseta velha, do dobro do seu tamanho, que ele esqueceu na sua casa. Você tem guardado na sua memória olfativa o cheiro do pescoço dele, e consegue evocá-lo várias vezes ao dia quando a saudade bate. O jeito como afina o violão, como estaciona o carro, como mistura as proporções de leite com café, mostarda e ketchup,  você usurpou dele. Aquele livro, inspiração pra vida, foi ele que te presenteou. Aquela banda que não sai mais do seu iPod, foi ele que te apresentou. Aquele filme que você se esvaiu de chorar as 13 vezes que assistiu, foi ele que baixou no seu computador. Tudo o que você quer dizer ele consegue capturar com um olhar. O jeito como você transa, como se esparrama na cama ao seu lado depois de um orgasmo, como derruba levemente a cabeça para a direta enquanto o beija, como se aproveita para apoiar no espacinho entre o ombro e o pescoço dele quando o abraça levemente embriagada é ele, é tudo ele. É tudo dele.
Aí, um dia, o seu relacionamento termina, e tudo o que você tinha como chão se desaba. Quando isso acontece, a gente se tenta se livrar do ex com a mesma aspereza de quem pisa numa bituca de cigarro. Espera esquecer suas lembranças jogando fora aquela caixa cheia de tickets de cinema e ingressos de shows que vocês viram juntos, também se livra daquela rosa, já seca, que ele te deu quando você foi conhecer os pais dele, e daquele chumacinho de cabelo que você tinha guardado quando ele raspou a cabeça ao entrar na faculdade. Rasga todas as fotos em que ele está presente. Queima todas os cartões, bilhetes, post-its, recados em folha de cadernoe papel de bombom que possuem a caligrafia dele. Despacha todos os CDs e DVDs que ele tinha te “emprestado”. Deleta o número do telefone de seus contatos, exclui do facebook, bloqueia no twitter, coloca o email dele na lista de spam. Na maioria das vezes é assim. Eliminamos aquela pessoa de nossas vidas para que com ela partam junto todas as dores e memórias ruins daquele relacionamento. Tentamos nos livrar dele, tirá-lo de nosso corpo, pra nos livrarmos do sofrimento de ter que conviver com a sua ausência.
Nenhum término é fácil. É claro que precisamos passar por todas as fases do luto, negar, xingar, ficar com raiva, se deprimir para aí então superá-lo. Mas acredito que pessoas (aquelas que são importantes mesmo) não são descartáveis. Não vejo sentindo em extinguir bruscamente uma pessoa que foi tão significativa, que ajudou a construir quem você é, como se riscasse um item de uma lista de compras. Muitas vezes não conseguimos nos desfazer de um vestido velho que não usamos mais, porém, na maioria das vezes, quando um relacionamento acaba rejeitamos o ex de vez da nossa vida. Queremos tirá-lo do nosso coração, mas acontece que quando se elimina alguém assim tão marcante de nossas vidas, um pedacinho nosso vai embora junto com essa pessoa.
É claro que não dá pra manter o contato com o ex da noite para o dia. Bancar o “amigo” só para ficar por perto esperando o momento de uma recaída: isso é autoenganação, é autoflagelo, é confundir ainda mais os sentimentos de uma relação já desgastada. É preciso de um tempo para acalmar o coração, para separar passado de presente, para o seu cérebro entender que aquela chavinha de liga/desliga da paixão está em mode off pra tal pessoa. Todo fim precisa ser aceito (por ambas as partes) em nome de uma amizade. Acredito que sentimentos tão fortes – como o amor – não somem assim do nada. Eles sublimam, se transformam. Podem até se transformar em raiva por determinado tempo, mas acho que isso é passageiro. Quando a gente ama/amou alguém, a gente se importa, e isso nunca muda. Não tô falando de virar melhor amigo do seu ex, mas de manter um contato, de querer saber como a vida dele anda, de se sentir bem por suas conquistas. Depois de um tempo, essa sublimação de sentimentos entre ex-namorados torna-se o afeto entre dois antigos conhecidos com aquele ar de intimidade.

E quando está tudo ruim?


Algumas pessoas dizem que uma das coisas mais difíceis em relacionamentos é o primeiro “eu te amo”. Aquela velha história de quem vai falar primeiro e qual vai ser a reação do outro ao ouvir (e retribuir) a frase de efeito mais conhecida dos últimos tempos. Outros dizem (e eu concordo) que a coisa mais difícil não é o momento certo de dizer que ama, ou a primeira noite de sexo do casal, ou conseguir manter a convivência, ou controlar os ciúmes. Não, isso faz parte. A coisa mais difícil é reconhecer o momento exato em que um relacionamento acaba.
Se apaixonar é fácil quando comparado a renunciar uma história escrita a quatro mãos. É uma vida a dois que chegou ao dilema entre dar mais passos à frente e pisar em falso ou fechar a porta e deixar a chave na cabeceira. É complicado quando a gente reconhece que a relação já não tem mais futuro e não acrescenta em mais nada. Esse tipo de coisa não acontece de um dia pro outro, mas resulta de um processo que pode ter sido iniciado por uma razão qualquer. Uma das partes pode ter acordado e achado estranho aquele braço por cima do seu corpo durante a noite. Ou pode ter visto uma das fotos antigas e não ter se encontrado nos dias mais recentes com aquele sorriso de antes. São indícios delicados, frases quebradas, contatos minuciosos que indicam que chegou ao fim.
Sem ser sutil demais agora: desistir de uma relação que não tem mais profundidade nem se mostra prazerosa para um dos envolvidos não é tarefa fácil. É necessário pensar, repensar, pesar as coisas e tomar uma decisão que põe em risco milhares de situações para cada um deles. Existe aquela ligação sentimental, seja de carinho, seja de relembrar tudo o que foi vivido em conjunto. E daí vem aquela hora de pensar sobre o que seria melhor: continuar por comodidade (e abrir mão de novas descobertas e evoluções a dois para manter intacto algo que pode ser estrondoso caso termine) ou arriscar ir embora para tentar ser feliz. Tem também o caso de não deixar que o outro vá embora pelo sentimento de posse que ainda se tem. É mais fácil continuar numa relação vazia e furada do que permitir que a outra pessoa seja feliz sem você.
Não vou entrar no debate entre valer a pena ou não e, principalmente, se foi amor ou não. Mas chegou ao fim. É aquele momento em que você percebe que amor não é tudo numa relação. Que conviver, confiar, enxergar além do outro, manter vivo o dinamismo e as experiências cotidianas são muito importantes também. Ou que tudo isso é até mais importante que o próprio sentimento de amor. É hora de abrir mão de um presente estável e mergulhar na sensação de estar perdido no mundo novamente, principalmente se a relação atravessou anos ou tempo demais para ser destacada de maneira fácil. Quando a gente aprende a ir embora, a gente aprende a deixar pra trás coisas que fazem parte de nós ou que nos tornaram o que somos hoje. Talvez não seja tão difícil assim como eu digo. Talvez seja só um drama bobo de comédias românticas que quase ninguém vive por aí. Mas desalojar velhos conhecidos pode ser realmente um grande aprendizado.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Só algumas palavras...


É realmente estranho estar de volta a esse mundo dos solteiros e engraçado também. Você tem toda aquela libertadade para sair, brincar com os seus amigos, poder abraçar quem quiser, posso beijar quem quiser, ter tempo para fazer suas coisas em casa, poder ficar mais com a  família, poder simplesmente não fazer nada o dia inteiro porque não ter a responsabilidade de ter que ir ver alguém. Mas como tudo na vida, estar solteira também tem seus lados negativos como não ter alguém que você sabe que vai estar sempre ao seu lado, não ter alguém para ligar porque rolou um super problema de família e só ele entenderia pois ele vive na sua casa, não ter ninguém para ligar quando você chega em casa e contar o seu dia e a pessoa ouvir porque é realmente importante para ela, não ter ninguém para você simplesmente deitar no colo e chorar sem parar, não ter aquele par de pés esfregando nos seus todas as noites, não tem mais aquela pessoa que acariciava seu rosto e nem que dizia o quão linda você tava mesmo chorando e também não ter ninguém para assistir um filme no domingo... Você pode dizer: "Pô, mas várias dessas coisas que você falou amigos podem fazer como contar os problemas de família", sim poder eles podem fazer mas não é o mesmo. Eu juro, que trocaria todos os meus roles e toda essa vida pela minha antiga vida... Antes que você pense que eu gostaria de voltar com ele, já te digo que não mas gostaria ter aquela vida que tinha de volta.

Eu sou o tipo de pessoa que gosta de namorar, eu me sinto bem estando ao lado de alguém e todo aquele romance... Mas, dessa vez ao contrário das outras vezes que fiquei solteira não estou a procura de nenhum "substituto" por dois motivos: O primeiro é porque essa pessoa não vai ter espaço e nem tempo na minha vida faço faculdade, participo da comissão de formatura, já já começo o TCC e em segundo lugar porque eu não to com paciência nenhuma para ter que fazer concessões e blá blá...

O jeito agora é ficar de boa e deixar rolar...

"Sem apego. Sem melancolia. Sem saudade. A ordem é desocupar lugares. Filtrar emoções..."

segunda-feira, 16 de julho de 2012

E quem diria...

... que depois de tanto tanto e tanto que tentarmos chegaríamos aqui. Aqui onde não sobrou nada, nem carinho. Onde tudo o que eu posso querer é ficar longe dele... Eu não sinto mais a falta dele, eu não chorei mais por ele, já começo a não me lembrar como era seu sorriso ou dos nossos bons momentos. Mas tudo isso porque eu me esforcei muito, me esforcei muito para não ligar para ele todos os dias em que a carência bateu, me esforcei muito para não pensar no sorriso dele ou o quão feliz ele me fez em um passado bem distante... Porque tudo isso não me pertencia mais! E hoje, eu me sinto feliz por não sofrer mas triste por saber que o relacionamento que criamos e que tinha tudo para dar certo caiu, simples como uma chuva fina e incômoda e foi embora. E agora, cá estou eu solteira conhecendo pessoas e mais pessoas que não fazem a menor diferença... A menor importância...